Redação Nota Mil: 3 dicas e exemplos para você se inspirar
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Nos processos seletivos, a redação tem um papel importante para a nota, pois avalia habilidades como argumentação, relação de ideias, escrita, entre outras. Assim, uma boa maneira de se preparar para essa etapa da avaliação é analisar modelos de redação nota mil.
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) atribui o peso de uma prova para a produção de texto e tem seus critérios próprios de avaliação. Por isso, é bom conhecer o formato desejado pela banca, pois isso ajuda a adequar a escrita e a elevar a nota.
Para ajudar, este artigo apresenta alguns exemplos de redações que obtiveram a nota máxima no Enem, bem como 3 dicas para construir um bom texto. Boa leitura!
A IMPORTÂNCIA DA REDAÇÃO DO ENEM
Na preparação para o exame, estudar os temas das questões de múltipla escolha é fundamental. Para isso, é preciso entender como funciona a nota do Enem e conhecer os assuntos mais frequentes.
Por outro lado, a redação mostra conhecimentos que não podem ser observados apenas na seleção das respostas fechadas. Como vimos, com a produção de texto a banca deseja avaliar outras habilidades, bem como a maturidade do candidato.
Além disso, essa parte da prova é a única que pode chegar à nota máxima, já que as questões de múltipla escolha seguem um método diferente de correção, a Teoria de Resposta ao Item (TRI). Nesse sentido, é a chance de o candidato elevar o seu desempenho e aumentar a possibilidade de ingressar no curso superior desejado.
EXEMPLOS DE BOAS REDAÇÕES PARA SE INSPIRAR
Você sabe o que uma redação nota mil precisa ter? Uma estratégia é observar exemplos de pessoas que alcançaram o desempenho máximo para entender na prática as dicas de como construir um bom texto para o exame. Conheça três exemplos de redações que tiraram o a nota máxima.
Enem 2017 — Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil
Na obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o realista Machado de Assis expõe, por meio da repulsa do personagem principal em relação à deficiência física (ela era “coxa”), a maneira como a sociedade brasileira trata os deficientes. Atualmente, mesmo após avanços nos direitos desses cidadãos, a situação de exclusão e preconceito permanece e se reflete na precária condição da educação ofertada aos surdos no País, a qual é responsável pela dificuldade de inserção social desse grupo, especialmente no ramo laboral.
Convém ressaltar, a princípio, que a má formação socioeducacional do brasileiro é um fator determinante para a permanência da precariedade da educação para deficientes auditivos no País, uma vez que os governantes respondem aos anseios sociais e grande parte da população não exige uma educação inclusiva por não necessitar dela. Isso, consoante ao pensamento de A. Schopenhauer de que os limites do campo da visão de uma pessoa determinam seu entendimento a respeito do mundo que a cerca, ocorre porque a educação básica é deficitária e pouco prepara cidadãos no que tange ao respeito às diferenças. Tal fato se reflete nos ínfimos investimentos governamentais em capacitação profissional e em melhor estrutura física, medidas que tornariam o ambiente escolar mais inclusivo para os surdos.
Em consequência disso, os deficientes auditivos encontram inúmeras dificuldades em variados âmbitos de suas vidas. Um exemplo disso é a difícil inserção dos surdos no mercado de trabalho, devido à precária educação recebida por eles e ao preconceito intrínseco à sociedade brasileira. Essa conjuntura, de acordo com as ideias do contratualista Johm Locke, configura-se uma violação do “contrato social”, já que o Estado não cumpre sua função de garantir que tais cidadãos gozem de direitos imprescindíveis (como o direito à educação de qualidade) para a manutenção da igualdade entre os membros da sociedade, o que expõe os surdos a uma condição de ainda maior exclusão e desrespeito.
Diante dos fatos supracitados, faz-se necessário que a Escola promova a formação de cidadãos que respeitem às diferenças e valorizem a inclusão, por intermédio de palestras, debates e trabalhos em grupo, que envolvam a família, a respeito desse tema, visando a ampliar o contato entre a comunidade escolar e as várias formas de deficiência. Além disso, é imprescindível que o Poder Público destine maiores investimentos à capacitação de profissionais da educação especializados no ensino inclusivo e às melhorias estruturais nas escolas, com o objetivo de oferecer aos surdos uma formação mais eficaz.
Ademais, cabe também ao Estado incentivar a contratação de deficientes por empresas privadas, por meio de subsídios e Parcerias Público-Privadas, objetivando a ampliar a participação desse grupo social no mercado de trabalho. Dessa forma, será possível reverter um passado de preconceito e exclusão, narrado por Machado de Assis e ofertar condições de educação mais justas a esses cidadãos.
A autora deste texto é Isabella Barros Castelo Branco. Em 2017, ela foi uma das 53 pessoas que alcançaram a nota máxima da redação. Note que a candidata inicia a escrita apresentando uma obra importante da produção cultural brasileira.
Na sequência, indica a tese de redação, que relaciona o preconceito, a formação educacional e a inserção social e laboral. Nos parágrafos seguintes a autora sustenta a sua argumentação com filósofos e finaliza o texto com as propostas de intervenção ao problema. Nas últimas linhas, retoma a referência inicial da obra literária.
Enem 2018 — Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet
No livro “1984” de George Orwell, é retratado um futuro distópico em que um Estado totalitário controla e manipula toda forma de registro histórico e contemporâneo, a fim de moldar a opinião pública a favor dos governantes. Nesse sentido, a narrativa foca na trajetória de Winston, um funcionário do contraditório Ministério da Verdade que diariamente analisa e altera notícias e conteúdos midiáticos para favorecer a imagem do Partido e formar a população através de tal ótica.
Fora da ficção, é fato que a realidade apresentada por Orwell pode ser relacionada ao mundo cibernético do século XXI: gradativamente, os algoritmos e sistemas de inteligência artificial corroboram para a restrição de informações disponíveis e para a influência comportamental do público, preso em uma grande bolha sociocultural.
Em primeiro lugar, é importante destacar que, em função das novas tecnologias, internautas são cada vez mais expostos a uma gama limitada de dados e conteúdos na internet, consequência do desenvolvimento de mecanismos filtradores de informação a partir do uso diário individual. De acordo com o filósofo Zygmund Baüman, vive-se atualmente um período de liberdade ilusória, já que o mundo digitalizado não só possibilitou novas formas de interação com o conhecimento, mas também abriu portas para a manipulação e alienação vistas em “1984”. Assim, os usuários são inconscientemente analisados e lhes é apresentado apenas o mais atrativo para o consumo pessoal.
Por conseguinte, presencia-se um forte poder de influência desses algoritmos no comportamento da coletividade cibernética: ao observar somente o que lhe interessa e o que foi escolhido para ele, o indivíduo tende a continuar consumindo as mesmas coisas e fechar os olhos para a diversidade de opções disponíveis. Em um episódio da série televisiva Black Mirror, por exemplo, um aplicativo pareava pessoas para relacionamentos com base em estatísticas e restringia as possibilidades para apenas as que a máquina indicava – tornando o usuário passivo na escolha. Paralelamente, esse é o objetivo da indústria cultural para os pensadores da Escola de Frankfurt: produzir conteúdos a partir do padrão de gosto do público, para direcioná-lo, torná-lo homogêneo e, logo, facilmente atingível.
Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Para a conscientização da população brasileira a respeito do problema, urge que o Ministério de Educação e Cultura (MEC) crie, por meio de verbas governamentais, campanhas publicitárias nas redes sociais que detalhem o funcionamento dos algoritmos inteligentes nessas ferramentas e advirtam os internautas do perigo da alienação, sugerindo ao interlocutor criar o hábito de buscar informações de fontes variadas e manter em mente o filtro a que ele é submetido. Somente assim, será possível combater a passividade de muitos dos que utilizam a internet no país e, ademais, estourar a bolha que, da mesma forma que o Ministério da Verdade construiu em Winston de “1984”, as novas tecnologias estão construindo nos cidadãos do século XXI.
Lucas Felpi, responsável pela redação acima, usou uma técnica semelhante à do primeiro exemplo para a construção do seu texto. A escrita inicia com a citação de uma obra literária e é seguida pela tese do texto. O candidato volta a mencionar o livro durante a sua argumentação, além de embasar o pensamento em outros teóricos, como o sociólogo Zygmunt Baüman.
Um destaque interessante da redação é o uso da série televisiva Black Mirror como referência. A proposta ousada conversou bem com as demais citações e contribuiu para reforçar a argumentação. Lucas finaliza com as propostas de intervenção ao tema e retoma a obra literária do início do texto.
Enem 2019 — Democratização do acesso ao cinema no Brasil
Ao longo do processo de formação da sociedade, o pensamento cinematográfico consolidou-se em diversas comunidades. No início do século XX, com os regimes totalitários, por exemplo, o cinema era utilizado como meio de dominação à adesão das massas ao governo. Embora o cinema tenha se popularizado, posteriormente, como entretenimento, nota-se, na contemporaneidade, a sua limitação social, em virtude do discurso elitizado que o compõe e da falta de acesso por parte da população. Essa visão negativa pode ser significativamente minimizada, desde que acompanhada da desconstrução coletiva, junto à redução do custo do ingresso para a maior acessibilidade.
Em primeira análise, é evidente que a herança ideológica da produção cinematográfica, como um recurso destinado às elites, conservou-se na coletividade e perpetuou a exclusão de classes inferiores. Nessa perspectiva, segundo Michel Foucault, filósofo francês, o poder articula-se em uma linguagem que cria mecanismos de controle e coerção, os quais aumentam a subordinação. Sob essa ótica, constata-se que o discurso hegemônico introduzido, na modernidade, moldou o comportamento do cidadão a acreditar que o cinema deve se restringir a determinada parcela da sociedade, o que enfraquece o princípio de que todos indivíduos têm o direito ao lazer e ao entretenimento. Desse modo, com a concepção instituída da produção cinematográfica como diversão das camadas altas, o cinema adquire o caráter elitista, o qual contribui com a exclusão do restante da população.
Além disso, uma comunidade que restringe o acesso ao cinema, por meio do custo de ingressos, representa um retrocesso para a coletividade que preza por igualdade. Nesse sentido, na teoria da percepção do estado da sociedade, de Émile Durkheim, sociólogo francês, abrangem-se duas divisões: “normal e patológico”. Seguindo essa linha de pensamento, observa-se que um ambiente patológico, em crise, rompe com o seu desenvolvimento, visto que um sistema desigual não favorece o progresso coletivo. Dessa forma, com a disponibilidade de ir ao cinema mediada pelo preço — que não leva em consideração a renda regional —, a democratização torna-se inviável.
Depreende-se, portanto, a relevância da igualdade do acesso ao cinema no Brasil. Para que isso ocorra, é necessário que o Estado proporcione a redução coerente do custo de ingressos por região, junto à difusão da importância da produção cinematográfica no cotidiano, nos meios de comunicação, por meio de anúncios, a fim de colaborar com o acesso igualitário. Ademais, a instituição educacional deve proporcionar aos indivíduos uma educação voltada à democratização coletiva do cinema, como entretenimento destinado às elites, por intermédio de debates e palestras, na área das Ciências Humanas, como forma de esclarecimento populacional. Assim, haverá um ambiente estável que colabore com a acessibilidade geral ao cinema no país.
O texto escrito por Alana Miranda é outro exemplo de redação nota mil do Enem. Alana, diferentemente dos demais citados, inicia a produção com uma contextualização de dados históricos e, na sequência, apresenta a sua tese. A argumentação tem por base as teorias do filósofo Michel Foucault e do sociólogo Émile Durkheim.
A candidata finaliza, como a estrutura espera, com as propostas de intervenção ao problema, que são apresentadas como um bom caminho para melhorar a situação proposta.
DICAS PARA FAZER UMA BOA REDAÇÃO
Como vimos, as redações bem avaliadas no Enem carregam alguns elementos comuns. Por isso, determinadas dicas ajudam a melhorar o desempenho. Confira nas próximas linhas.
1. Leia bastante
É possível perceber que as redações apresentadas trazem embasamento em diferentes obras. Os participantes usaram livros teóricos ou literários e até séries televisivas como recursos para fundamentar a argumentação. Além de fontes de informação, também ajudam a melhorar a escrita. Portanto, a leitura é fundamental.
2. Respeite a estrutura do exame
Os textos nota mil também nos mostram uma estrutura importante, que é valorizada pela banca. Ter esse formato em mente é necessário na hora de aplicar as técnicas de estudos. Funciona da seguinte maneira:
•introdução — contextualização e tese;
•desenvolvimento — argumentação;
•conclusão — proposta de intervenção ao tema e retomada da tese.
O padrão demonstra domínio das regras de escrita. Além disso, é preciso que a redação esteja alinhada com as regras para um texto dissertativo-argumentativo, que é cobrado nesse exame.
3. Acompanhe as notícias
Os temas da redação do Enem e das questões ao longo da prova frequentemente exploram acontecimentos importantes que afetam o Brasil e o mundo. Dessa maneira, se informar a partir de diferentes fontes ajuda a desenvolver um olhar mais crítico sobre esses assuntos, o que é essencial para uma argumentação mais forte na produção de texto.
O PAPEL DA REDAÇÃO PARA ALCANÇAR A FACULDADE DOS SONHOS
A redação é importante no exame e é muito valorizada nos processos seletivos. Ao contrário do que algumas pessoas acreditam, essa parte do exame também precisa ser incluída no cronograma de estudos; não apenas as questões de múltipla escolha.
Nesse sentido, alcançar uma boa nota ajuda a elevar o seu desempenho e aumenta as chances de ingressar no curso superior desejado. Da mesma forma, quanto maior for a sua nota, maior a probabilidade de conseguir boas colocações em programas de financiamento estudantil e bolsas de estudos, como o FIES e o ProUni.
Portanto, acompanhar exemplos de redação nota mil e conferir as dicas de como organizar o seu texto são formas de se preparar e garantir um ótimo resultado no Enem. Assim, você realiza os seus objetivos e ingressa na graduação dos seus sonhos.
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