Quiet Quitting: entenda o que significa e o impacto
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Quiet Quitting é o último termo em alta no mercado corporativo. E, embora ele faça alusão a alguém que se demitiu de seu cargo, o termo, na verdade, descreve uma tendência contra a cultura da produtividade e aceleração sem limites do mercado de trabalho, refletindo um movimento que considera como algo negativo essa exigência de “ir além”.
De modo geral, a pandemia de Covid-19 não apenas impactou a vida de todos com restrições e bloqueio de reuniões públicas no modelo presencial, mas também fez algumas pessoas repensarem suas escolhas de carreira.
Durante o que é conhecido como The Great Resignation, considerado um precursor do Quiet Quitting, milhões de pessoas pediram demissão de seus empregos nos EUA e em todo o mundo, mostrando ao mercado que é preciso repensar seus padrões e considerar a nova onda de conscientização dos indivíduos sobre aspectos como saúde mental e qualidade de vida.
Sendo um movimento contra a cultura corporativa, as pessoas não estão apenas se demitindo de cargos, mas também querem limitar suas cargas de trabalho. E é aí que entra o Quiet Quitting – a nova forma de pensar o mundo do trabalho e, na verdade, de fazer o mínimo.
Saiba mais sobre o tema a seguir!
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O que é Quiet Quitting?
Embora a maioria dos empregadores entenda os desafios associados às demissões, essa nova tendência – o Quiet Quitting, ou “demissão silenciosa” na tradução para o português – tem implicações um pouco mais sutis para as organizações.
Durante o The Great Resignation (a Grande Renúncia ou a Grande Demissão, na tradução para o português), os funcionários começaram a pensar em suas carreiras, seus salários e em como são tratados no trabalho.
A falta de oportunidades de promoção, os baixos salários e o sentimento de desrespeito foram os principais motivos pelos quais os americanos deixaram seus empregos em 2021, de acordo com uma pesquisa da Pew Research.
Entretanto, enquanto muitos especialistas falavam sobre o The Great Resignation e seus impactos no mercado de trabalho, uma nova onda surgiu para demonstrar como a insatisfação de muitos profissionais com os modelos e exigências corporativas vai além dos desafios impostos pela pandemia.
Na verdade, várias outras tendências recentes abriram caminho para que o Quiet Quitting, também chamado de desistência ou abandono silencioso, ganhasse popularidade. Um estudo da Gallup por exemplo, publicado em abril de 2022, demonstrou que o engajamento dos funcionários diminuiu muito em 2022.
De acordo com ele, o engajamento dos colaboradores com as metas das empresas caiu pela primeira vez em 2021, depois de uma década em alta, caindo novamente em 2022 e registrando uma diminuição de 32% dos trabalhadores realmente engajados em seu local de trabalho.
Dessa forma, o Quiet Quitting está sendo considerado uma alternativa cada vez mais comum à renúncia a um cargo ou posição. Impulsionado por muitos dos mesmos fatores que tornaram o The Great Resignation uma realidade, esse abandono silencioso refere-se a optar por não realizar tarefas além das funções atribuídas e/ou tornar-se menos investido psicologicamente no trabalho.
Os profissionais que praticam a desistência silenciosa geralmente continuam cumprindo suas responsabilidades primárias, mas estão menos dispostos a se envolver em atividades conhecidas como comportamentos corporativos: basta de ficar até tarde, chegar cedo ou comparecer a reuniões não obrigatórias.
À primeira vista, isso pode parecer problemático e prejudicial à imagem dos colaboradores, mas a ideia pode ser bastante efetiva para motivar o mercado de trabalho a reagir.
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Como o Quiet Quitting impacta o mercado de trabalho
No geral, os funcionários que praticam o Quiet Quitting não estão se desvinculando de suas tarefas principais, mas também não estão dispostos a ir além do dever.
Isso é, na realidade, um movimento que deve servir de alerta para as empresas, já que a maioria dos cargos não pode ser totalmente definida em uma descrição de funções ou contrato formal.
É preciso que as organizações compreendam como os funcionários são essenciais para atender suas demandas de crescimento e evolução sustentável, tornando-as mais conscientes sobre as necessidades de mudar a forma como as coisas são feitas.
Assim, não é de se surpreender que muitos líderes tenham reagido de forma bastante negativa à silenciosa tendência de desistência. Muitos deles inclusive argumentaram que é difícil compreender o que motiva essa falta de vontade de ir além, embora o mercado já esteja se conscientizando de sua responsabilidade e gerando mudanças efetivas.
Uma pesquisa da startup Closecare, responsável por gestão de atestados e saúde corporativa, demonstrou que a principal causa de afastamentos de profissionais é a saúde mental e questões psicológicas. A pesquisa demonstrou um aumento de 30% no número de afastamentos por conta dessa demanda nos últimos 2 anos.
Em outras palavras, com o Quiet Quitting tomando forma como uma nova maneira de se limitar a tarefas estritamente necessárias, evitando excessos nas jornadas de trabalho e diminuindo a carga de estresse e ansiedade que esse panorama traz para os trabalhadores, o movimento mostra como é imperativo que as empresas repensem a cultura organizacional e os padrões de exigência dentro do ambiente corporativo.
Outro ponto considerado dentro do Quiet Quitting é a necessidade de estabelecer limites claros para melhorar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Com a ascensão do trabalho híbrido e/ou remoto, muitos colaboradores enxergam a possibilidade de cumprir suas funções sem o estigma da cultura “trabalho é vida”, procurando orientar sua carreira e, ainda assim, preservar e alimentar sua vida pessoal de forma rica.
O Quiet Quitting pode ser, segundo especialistas, um sinal claro de que um funcionário não está feliz em sua posição ou está passando por um esgotamento – e isso exige atenção das lideranças.
Em muitos casos, desistir silenciosamente é uma maneira de o funcionário lidar com o esgotamento para ajudar a aliviar o estresse, o que também pode significar que eles estão prontos para mudar de cargo ou podem estar procurando outro emprego.
Assim, é preciso que as lideranças estejam preparadas para lidar com questões como cultura organizacional ou padrões no ambiente de trabalho e, principalmente, busquem formas de valorizar seus colaboradores e de compreender quais ações reais são necessárias quando o assunto é reter talentos.
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